terça-feira, 6 de julho de 2010

MEXE-TE!


Entras. Entro


Estás na epiderme, na derme, na célula e nela entraste como um vírus, ciruclas pelas veias fazendo do meu sangue teu alimento, consomes meu pensamento pecaminoso. E devoras sem demora.


Tenho-te aqui, como se fosses parte de mim, possuis o meu desejo, controlas o meu corpo.

Tocas. Toco.

Arrasas, fodes, explodimos, deliramos, consumamos, tentação escaldante.

Partes. Parto.

Fora de mim meu corpo ressaca-te, droga ilícita, teu veneno.

Perdi o controlo do prazer, venho-me sem querer, que veneno é este?

Fora pecado, condenaste-me ao exílio.

Usaste-me. Usei-te.

Fomos objecto de prazer, de paixão carnal, animal, irracional.

Roubaste-me a alma por segundos e entregaste-ma com o teu perfume, que ficou na derme, na epiderme.

Calaste-te. Calei-me.

Que silêncio perturbante. Não me queres ou não te queres a ti? Se fomos um, ficamos incompletos.

Serei eu a pecadora mais infame por te querer?

E foste e não me libertaste! Sai! Mexe-te de mim!

Fora! Deixa-me partir!

Porque te vejo em todas as faces!

Porque te vejo em todas as palavras!

Porque te vejo em todas as músicas!

Porque te vejo em todos os meus pêlos!

Porque apenas de vejo quando te vejo


Sai.

Vai-te, sai da minha pele, tatuagem erótica.

Sou menina não heróica e quero apenas continuar a pecar os meus pecados mundanos.

Viver alucinações orgásmicas, prazeres imediatos profanos.

Se não é esse o teu desejo, deixa-me seguir a minha viagem alucinogénea e dá-me o teu antídoto.

Não sou Julieta. Não quero morrer do teu veneno. Quero viver o momento.



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